Músicas falsas, lucro real: O uso de IA para manipular royalties musicais

Um homem da Carolina do Norte utilizou inteligência artificial para criar centenas de milhares de músicas falsas, atribuídas a bandas inexistentes, e as disponibilizou em plataformas de streaming, onde foram ouvidas por um público igualmente falso, segundo os promotores.

Centavo a centavo, ele arrecadou mais de US$ 10 milhões, afirmam as autoridades, que o acusaram de fraude.

O homem, Michael Smith, de 52 anos, foi indiciado em um tribunal federal por desvio de royalties de plataformas digitais ao longo de sete anos. De acordo com a acusação, Smith, um músico de carne e osso, produziu músicas geradas por IA e as reproduziu bilhões de vezes usando bots que ele próprio programou.

Os supostos artistas tinham nomes como “Callous Post”, “Calorie Screams” e “Calvinistic Dust”, e suas músicas com títulos como “Zygotic Washstands” e “Zymotechnical” eram grandes sucessos em serviços como Amazon Music, Apple Music e Spotify, conforme as acusações.

“Smith roubou milhões em royalties que deveriam ter sido pagos a músicos, compositores e outros detentores de direitos, cujas músicas foram legitimamente transmitidas”, disse Damian Williams, promotor do Distrito Sul de Nova York, em comunicado.

Smith foi preso e enfrenta acusações de fraude e conspiração para lavagem de dinheiro. Caso seja condenado, poderá pegar até 20 anos de prisão por cada acusação.

Este é o primeiro caso criminal de manipulação de streaming musical levado à justiça pelo escritório do promotor Williams. O sucesso comercial no setor musical é cada vez mais medido em execuções digitais, apesar da baixa remuneração oferecida pelas plataformas de streaming aos artistas.

Os promotores afirmam que Smith cortou praticamente todo o elemento humano de seu esquema. Ele criou milhares de contas falsas de streaming e desenvolveu softwares para reproduzir suas músicas repetidamente, simulando ouvintes espalhados por diferentes locais.

Conforme um cálculo feito por ele em 2017, Smith estimou que poderia transmitir suas músicas 661.440 vezes por dia, gerando royalties de até US$ 1,2 milhão ao ano. Para evitar detecção, ele distribuiu as execuções fraudulentas entre um vasto número de canções falsas.

A partir de 2018, Smith se aliou a um executivo de uma empresa de IA musical e a um promotor, com quem criou um catálogo de músicas falsas, chegando a carregar milhares de novas faixas por semana nas plataformas.

Até junho de 2019, Smith estava ganhando cerca de US$ 110 mil por mês, parte dos quais era repassada a seus co-conspiradores. Ao longo dos anos, ele conseguiu acumular mais de 4 bilhões de streams e US$ 12 milhões em royalties.

Fonte: The New York Times

1 comentário em “Músicas falsas, lucro real: O uso de IA para manipular royalties musicais

  1. Ah! Ladrão! O músico de fato não tem vida fácil. Principalmente, o “underground”. Esse cara provavelmente não é o único.

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