O Tempo

Laurindo Rabelo

Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso desse tempo já dar conta,
Mas, oh! como dar em tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo.

Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bom tempo e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta
Hoje quero fazer conta e falta tempo.

Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis o vosso tempo em passatempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.

Mas, ah! Se os que contam com esse tempo
Fizessem desse tempo alguma conta
Não chorariam sem conta o não ter tempo.

——
Reminiscências do meu Avô que gostava muito de ler, estudar sozinho, copiar, decorar sonetos e poesias. Geralmente, das 3 as 5 hs da manhã à luz de lamparina ou farol. Ele nasceu em 1907 e faleceu em 1985 (JOSÉ DE SOUSA ALVES- “ZECHAGAS” )

Façam bom proveito e se gostarem tem outros sonetos e poesias bem interessantes nas coisas dele…

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