“Nunca ficamos no tempo presente. Lembramos o passado; antecipamos o futuro como lento demais para chegar, como para apressar o seu curso, ou nos lembramos do passado para fazê-lo parar como demasiado rápido, tão imprudentes que erramos por tempos que não são nossos e não pensamos no único que nos pertence, e tão levianos que pensamos naqueles que nada são e escapamos, sem refletir, do único que subsiste. É que, em geral, o presente nos fere. Escondemo-lo de nossas vistas porque nos aflige e, se ele nos é agradável, lamentamos que nos escape. Buscamos mantê-lo mediante o futuro e pensamos em dispor as coisas que não estão em nosso poder por um tempo ao qual não temos a menor certeza de chegarmos.
Examine cada um os seus pensamentos. Vai encontrá-los a todos ocupados com o passado ou com o futuro. Quase não pensamos no presente, e se nele pensamos é somente para nele buscar a luz para dispormos do futuro. O presente nunca é o nosso fim.
O passado e o presente são os nossos meios, só o futuro é o nosso fim. Assim não vivemos nunca, mas esperamos viver e, sempre nos dispondo a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos.”
“Pensamentos”, de Pascal; 47 (172)
Parafraseando o autor:
Nunca estamos no presente. Nós antecipamos o futuro, nós achamos que ele demora pra chegar e tentamos acelerá-lo, ou então tentamos reviver o passado pois ele se foi rápido demais. Somos tão burros que pensamos no tempo que não temos e esquecemos do que temos, sonhamos com o que será e não vemos o que já é. Por isso nunca vivemos, apenas esperamos viver. E por sempre planejarmos como ser felizes, nunca o somos.
Saiba mais sobre Blaise Pascal (1623-1662)
Concordo em gênero e número!
Culpa faz com que tentemos reviver o passado e concertá-lo.
Ansiedade nos faz tentar adiantar o futuro.
E isso é angustiante.
Carpe diem!